quinta-feira, 23 de janeiro de 2014




O texto de Moacyr Scliar é muito bom, mas saber empregar a crase não é um drama tão grande. A crase é para todos. É preciso, porém, entender o que é a crase, e por que ela existe.
A palavra crase provém do grego (krasis) e significa “mistura”. Na Língua Portuguesa, crase nada mais é do que a fusão de duas vogais idênticas. Então, a preposição "a" seguida do artigo "a", resultará no "a" com crase.
A crase é representada pelo acento grave:
à. 


Portanto:

Por ser formada pelo artigo "a", a crase só aparecerá antes de palavras femininas.
Há um macete que é muito útil na hora de tirar a dúvida se a crase ocorre ou não: trocar a palavra feminina por uma equivalente masculina. Se o “a” tiver que ser substituído por “ao”, então aquele “a” será craseado, pois a + o = ao, logo... isso mesmo.
Vou à padaria -> Vou ao mercado.


Atenção!

                              Nunca haverá crase:                            
  • antes de palavras masculinas
  • antes de verbos
  • entre palavras repetidas (cara a cara)
  • antes de artigos indefinidos (uma, alguma)
  • antes de palavras no plural se o "a" estiver no singular (eu disse a elas)
  • antes de numeral cardinal, exceto se indicarem hora
  • antes de pronomes de tratamento, com exceção de senhora, senhorita e dona. 

                                 Crase sempre:                                   
  • Antes de locuções prepositivas, adverbiais e conjuntivas (às vezes, à toa, à esquerda, à noite)
  • antes de numeral cardinal indicando hora (à 01 h 30 min, às 15 horas).

                Pode ser que sim, pode ser que não:                 

Antes de nomes de cidades, lugares, países, etc. Aquele truque velho  e infalível:

“Se vou A e volto DA, crase há. Se vou A e volto DE, crase pra quê?” 

Não tem como errar. Se volto da Bahia, vou à Bahia, se volto de Manaus, vou a Manaus. Maaaas (não adianta, sempre tem como errar), quando o nome de um lugar estiver especificado, ou adjetivado, ocorrerá crase. Por exemplo:

Vou à linda Paris.   |   Vou à Cruz Alta de Érico Veríssimo.


Crase diante dos pronomes 
demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo

Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a preposição "a". Por exemplo:



O termo regente do exemplo acima é o verbo “referir”, que é transitivo indireto (referir-se a algo ou a alguém) e exige preposição, portanto, ocorre a crase.
O esquema é o mesmo: a + aquele = àquele.

Já na frase “Aluguei aquela casa”, não existe preposição, pois “alugar” é verbo transitivo direto (aluga-se algo, e não a algo). Então... não.

E mais:

Diante da palavra "moda", com o sentido de "à moda de". Nesse caso pode ocorrer crase diante de palavra masculina, mas lembre-se de que a expressão "à moda de" está subentendida no contexto da frase.

O garoto fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à Luís XV.
Estava com vontade de comer churrasco à gaúcha.

E ainda há casos em que o uso da crase é facultativo:

Antes de Pronomes Possessivos Femininos, o uso da crase dependerá da preferência de quem escreve: “referiu-se a minha viagem” ou “referiu-se à minha viagem”. Note que tanto podemos dizer “referiu-se a meu itinerário” quanto “ao meu itinerário”.
Vale observar: é preferível optar pelo uso da crase diante dos possessivos, principalmente depois de verbos, para se evitar casos de ambiguidade.



                 Vamos ver se você aprendeu mesmo                   

1. Assinale a frase em que não deveria haver crase:
 Às dez e meia todos dormiam.
 Reprovo àquela atitude.
 As notas já foram enviadas à gerência.
 À meia-noite, os fantasmas aparecem.
 Compareceu à prova indisposto.

2. Marque a opção em que o emprego da crase está incorreto:
 Fui à casa de Pedro.
 Tinha bigode à Hitler.
 Tomou o remédio gota à gota.
 Hoje teremos bife à milanesa.
 Sentiram-se muito à vontade

3. Assinale a frase onde o emprego da crase é facultativo:
 Fomos à Bahia de todos os santos.
 Foi servido espaguete à moda do chef.
 Cheguei  à conclusão de que devemos voltar.
 Chegaram à minha casa no início da tarde.
 Peça àquela menina que entre na sala.


Respostas:
  1. Reprovo aquela atitude. -> Não existe preposição, pois o verbo é transitivo direto, logo, não há crase.
  2. Tomou o remédio gota a gota. -> Entre palavras repetidas, sem crase.
  3. Chegaram à minha casa no início da tarde. -> Diante de pronome possessivo feminino, crase facultativa.



E agora vamos analisar como a crase anda sendo massacrada utilizada por aí. Busque 5 imagens na internet que mostrem o uso, correto ou não, do acento grave. Podem ser placas, anúncios, manchetes, qualquer texto que tenha sido publicado. Explique por que a crase foi bem ou mal empregada em cada imagem. Para isso você pode utilizar o Word ou outro programa de sua preferência. Utilize o formulário abaixo para enviar o arquivo. Bom trabalho!